terça-feira, 20 de novembro de 2012

Barril de pólvora no Médio-Oriente – ou, a má consciência do Ocidente!

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As raízes do conflito remontam aos fins do século XIX, quando colonos judeus começaram a migrar para a Palestina.   O ideal judaico de retorno á terra dos seus antepassados, conhecido como "Sionismo" e fundado por Theodor Herzl em 1897, visava a retomada da denominada “terra prometida”.   Sendo os judeus um povo sem um Estado próprio, havia sido objecto ao longo dos tempos de inúmeras perseguições.   Movidos agora pelo sionismo, o seu objectivo era refundar na Palestina um estado judeu.   Porém, a Palestina já era habitada há vários séculos por uma maioria árabe e alguns cristãos – os palestinianos.
A partir de 1897 e após a fundação do movimento sionista, alguns milhares de judeus iniciaram a migração para a região da Palestina.   Com a queda do Império Otomano, no final da Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra converte a região em protectorado britânico desde 1918 até 1948 
 partir de 1940, a luta pela construção de um Estado Judaico na Palestina intensificou-se, principalmente a partir de 1947-1948  e já apoiados pelos Estados Unidos, baseada no conceito da reparação pelos sofrimentos infligidos aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 1947 a ONU propõe a divisão das terras Palestinas entre judeus e árabes, baseando-se nas populações até então estabelecidas na região.   Assim, os judeus receberiam 55% de toda a área, sendo que, desta percentagem, 60% era constituída pelo deserto do Neguev.    Os palestinianos, por não aceitarem a criação de um Estado não árabe na região, rejeitaram esta partilha.

Em 1948, os judeus proclamam o Estado de Israel e, a partir daí, o conflito amplia-se de forma dramática.    A Palestina reagiu e resistiu, recusando-se a aceitar a presença dos judeus no seu território.

E começou aqui o já longo historial de guerras entre as duas partes, envolvendo aspectos religiosos e territoriais:  a luta pela ocupação de mais terrenos palestinos por parte dos judeus e a reivindicação da cidade de Jerusalém por ambas as partes.

1948-1949: - Os árabes da Palestina e os estados árabes da região (Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque, com o apoio de Arábia Saudita e Iémen) entram em guerra contra Israel.   Israel vence a guerra e passa a controlar 78% do território da Palestina, enquanto o plano de partilha da ONU lhe cedia apenas 55 %.
1956: - Gamal Abdel Nasser (presidente do Egito) nacionaliza o Canal de Suez.   Israel, apoiado pela França e pelo Reino Unido, ocupa Gaza e a maior parte do Sinai.  É, no entanto, obrigado pelos EUA e URSS a recuar.
1964: - É criada em Jerusalém a OLP (Organização para Libertação da Palestina).
1967: - Guerra dos Seis Dias.   Numa guerra relâmpago de 6 dias (comandada pelo Gen. Moshe Dyan) Israel reconquista o deserto do Sinai, a faixa de Gaza, a Cisjordânia e os Montes Golan.
1972: - Onze atletas israelitas são mortos num atentado terrorista durante os Jogos Olímpicos de Munique.  O atentado é atribuído aos árabes da Palestina.
1973: - Guerra do Yom Kippur.
1979: - Israel devolve ao Egito a península do Sinai.   É assinado, em Camp David, o Tratado de Paz entre o Egipto e Israel.

1982: - Israel invade o Líbano e destrói quase completamente a cidade de Beirute, na Operação “Paz para a Galileia”, em resposta aos ataques da OLP ao norte de Israel.
1987: - Início da “primeira intifada”, com distúrbios de apedrejamentos na faixa de Gaza por parte de palestinianos, na sua maioria jovens.
1973: - a ONU considerou o sionismo uma forma de racismo.   Israel bombardeia com frequência cidades palestinianas, utilizando aviação moderna e armas proibidas (fósforo branco), destruindo escolas, hospitais e residências, além de privar os palestinianos das liberdades e da igualdade de condições.
2000: - Início da “segunda intifada”, com os mesmos contornos e métodos da primeira.  
2001: - Ariel Sharon é eleito primeiro-ministro de Israel.   Ocupa mais territórios e dá início à construção do Muro da Cisjordânia, com o objectivo de dificultar os atentados terroristas palestinianos.
2004: - Yasser Arafat morre (suspeita-se agora de que terá sido assassinado).   A Autoridade Palestina passa para o eleito Muahmad Abbas.   Israel destrói os assentamentos de colonos judeus na Faixa de Gaza e Cisjordânia.

Sempre que o faz, a forma como Israel actua é extremamente violenta.  A disparidade de forças militares entre israelitas e palestinianos é abismal – tanques, mísseis e aviões de combate da última geração são usados contra uma população que se defende com algumas armas artesanais e o arremesso de pedras.   A maioria da Palestina e dos muçulmanos (os muitos milhares de cristãos palestinianos foram sempre propositadamente ignorados) estão sob o controle de Israel, com o racionamento de comida, água e energia elétrica, além da ameaça constante dos bombardeamentos da faixa de Gaza e da Cisjordânia.

A propósito de mais esta nova ofensiva em larga escala levada a cabo neste momento por Israel na faixa de Gaza, cabe aqui lembrar dois excertos da última crónica de Daniel Oliveira no "expresso online":
Mesmo para quem não conheça a realidade palestina - sobretudo em Gaza, onde mais de um milhão e meio de pessoas vive amontoada num gueto - bastaria olhar para a desproporcionalidade dos ataques israelitas para perceber o absurdo.   Perante uns rockets artesanais que mataram três israelitas as forças de Israel lançaram uma ofensiva que, em apenas oito dias, provocou noventa mortos e 720 feridos.
Até quando continuará a comunidade internacional a tratar os palestinos como sub-humanos sem direito a tudo a que um povo tem direito?   Até quando continuaremos a comprar a narrativa de um agressor crónico que  usa a má-consciência do Mundo para garantir a passividade internacional perante os seus crimes?   Até quando continuaremos a justificar o injustificável?”

Para todos aqueles que quiserem conhecer todo o historial (documentado) deste regresso tempestuoso dos judeus à “terra prometida”, aconselho vivamente o visionamento destes dois documentários (Al Nakba)  produzidos pela Al-Jazeera, de alta qualidade e legendados em português, o primeiro referente ao período de 1897 até 1939, o segundo a partir de 1940 e até ao presente.
 
 

E ainda, para quem quiser aprofundar mais sobre o assunto, pode visitar este blogue: 
 
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1 comentário:

Anónimo disse...

.... e eis como se falsifica a História da Humanidade... O Estaline também apagou o Trotsky da fotografia. Agora este cita a Al-jazzera e o Daniel Oliveira! Pois inverta-se a narrativa e colaboremos então no suicídio da Europa ! e viva o tchador e a Al-Kaedda!