sábado, 16 de abril de 2011

Em Portugal todo o político mente. Completa-mente. Impune-mente!...

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Toda a gente mente

José Sócrates mentiu.   Ou melhor, está farto de mentir.   Passou anos a criar ilusões anunciando que a crise nunca nos afectaria, e é o que se vê.   Garantiu que nunca se falou da necessidade de ajuda externa no Conselho de Estado, achando que o dever de reserva de todos os conselheiros o protegeria, mas, além de ser óbvio que a realidade o obrigaria, tivemos vários a desmenti-lo.   

Jurou dois dias antes do pedido dessa ajuda que Portugal não precisava de qualquer empréstimo, e todos sabemos agora em que situação de falência o País está.   Anunciou que jamais governaria com o FMI, e é o que se está a assistir.

Mas Passos Coelho também mentiu.   E, pior, deixou que essa mentira enganasse os portugueses.   Disse, e deixou que muitos fizessem eco do que disse, que tinha sido informado do PEC IV de véspera com um simples telefonema, quando não só se encontrou pessoalmente com José Sócrates para o negociar como o fez sem testemunhas.   E enganou, também, quando garantiu que ia aproximar os políticos dos cidadãos e depois escolheu independentes que nunca darão nome de rua à terra onde nasceram.   Começou mal e já tem os gatos do saco do PSD todos a arranhar-se.

Teixeira dos Santos, esse, não pára de mentir.   Ou, bem vistas as coisas, nem se sabe bem quando falou verdade.   Festejou a execução orçamental como se Portugal tivesse ganho o Euromilhões, e ei-lo agora a dizer que o País não terá dinheiro em Maio.   Sublinhou que um governo de gestão não tinha autoridade para pedir ajuda externa, e os acontecimentos ultrapassaram-no em poucos dias.  

Mandou Bruxelas negociar com a oposição e foi desautorizado quer pela União Europeia quer pelo próprio primeiro-ministro.   Matou a sua carreira técnica pela política e agora percebeu que quem sempre apoiou o deixará cair e, provavelmente, nem sequer fará parte das listas do PS.

Fernando Nobre também mentiu, pois claro.   Mas neste caso o problema é mais dos que nele acreditaram.   Afirmou há duas semanas que não queria ter nada a ver com os partidos, enquanto almoçava e jantava com o PS e se reunia com o PSD.   E não resistiu, como é óbvio, quando lhe acenaram com o segundo cargo da Nação, o que não pode estranhar-se de quem já foi mandatário do Bloco, monárquico, e outras tantas coisas que tais.   Agiu como seria de esperar de quem tem ambições, e só os crentes seus apoiantes achavam que carregaria para o resto da vida com os 600 mil votos conquistados.

E Cavaco Silva, esse continua a não dizer a verdade sobre o negócio das acções do BPN.   E sabemos todos que esta omissão não é uma coisa pequena, tendo em conta a dimensão do buraco do banco nas contas do País.

(Filomena Martins, in DN Opinião,  16/4/2011)
(Imagens e sublinhados da autoria deste blogue)

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2 comentários:

kakauzinha disse...

Realmente!

Mas as sondagens de ontem dão uma subida do PS... logo... até 5 de Junho ainda podem lá chegar.

Eles mentem, trapaceiam, roubam, eles fazem tudo o que querem porque os deixam, porque os elegem, porque o impunemente impera... tristemente...

O meu futuro é negro, mas também o será para estes inconscientes sem valores. Ao menos isso, que comam todos por tabela.

(*)

Milan Kem-Dera disse...

Futuro negro para esta cambada? Duvido.
Será negro para ti, para mim e para todos aqueles que não estão agarrados à teta do estado. Para estes canalhas tudo ficará como dantes. O FMI não chega a estes pulhas. O FMI só está interessado em tirar ainda mais a quem tem menos. O FMI não desenvolve a economia, o FMI não fecha Institutos e empresas públicas, o FMI não poe na rua ou reduz os salários dos canalhas dos gestores, o FMI não vai fazer com que as empresas deficitárias (CP, REFER, TAP...) passem a dar lucro, o FMI não vai privatizar a RTP, o FMI não vai aplicar impostos à Banca, o FMI só vai explorar ainda mais quem já foi explorado - os trabalhadores, os reformados, os desempregados e os doentes do SNS. E vai tentar vender as nossas praias, como já o fez na Grécia.

É isto que o FMI vai fazer.

(*)